Manuela Aranha

Plantas da minha vida
Existem certas plantas que se encontram ligadas a nós por laços sentimentais ou culinários muito fortes. As duas plantas que escolhi para a minha plantação são precisamente dessas que fazem parte da minha vida, desde os primórdios da minha juventude, pois sempre existiram na minha casa e delas sempre tirei partido estético e culinário. São elas a Salsa, Petroselinum crispum (Mill.) Nym. e a Pitangueira, Eugenia uniflora L.
A salsa é provavelmente a única erva considerada indispensável pela maioria dos cozinheiros ocidentais. É uma planta bianual, versátil e robusta, originária da região do Mediterrâneo Oriental. Hoje é cultivada em quase todo o mundo onde o clima é temperado. A variedade que escolhi é a salsa de folha lisa, também denominada salsa continental ou salsa italiana. É considerada a melhor para cozinhar e é a mais usada em toda a Europa e Médio Oriente. É também aquela que sempre existiu na minha casa, crescendo de uma forma silvestre na extremidade do quintal, pois as suas sementes caíam à terra naturalmente, renovando assim as plantas.
A salsa é apreciada pelo seu sabor puro e fresco e é rica em ferro e vitaminas A e C. Utiliza-se em muitas partes do mundo para molhos, saladas, recheios, omeletas arroz e peixe. Esta utilização teve o seu início na bacia do Mediterrâneo, estendendo-se progressivamente para o norte da Europa. A salsa é um elemento fundamental da agora muito em moda, dieta mediterrânica. Na minha casa a salsa é também utilizada como alternativa à couve picada na confecção do tradicional milho cozido.
Para além de tudo isto, a salsa é também uma planta decorativa, nas várias fases da sua vida, desde a verdes ramagens às suas elegantes inflorescências em forma de guarda-chuva, que quando no seu apogeu atraem as abelhas para a sua polinização.
A pitangueira é outra das plantas tradicionais do meu quintal, de toda a vida. Os seus frutos de forma e cor exóticas conferem a esta elegante árvore um cariz único que dá uma certa tropicalidade aos nossos jardins. A pitangueira é oriunda da mata atlântica brasileira e a Madeira é talvez o único local da Europa onde esta planta é cultivada. Os seus frutos, com um característico sabor, por vezes um pouco acre, podem ser consumidos frescos ou então utilizados para compotas ou gelados. Também no quintal da minha casa sempre existiram pitangueiras, que fizeram as delícias da minha juventude.









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Manuela Aranha nasceu no Funchal a 1931.
Formou-se em escultura na Escola de Belas Artes do Porto.
Ao longo da sua carreira artística realizou algumas obras de onde destaca: Estátua "Paz e Liberdade", Funchal; Estátua "O Barqueiro", Porto Santo; Busto "D. Manuel Ferreira Cabral", São Roque do Faial; Estátua "Nossa Senhora dos Bons Caminhos", Escola Visconde Cagongo, Funcha; 1ª Medalha Comemorativa da Autonomia Medalhas comemorativas de homenagem a Virgílio Teixeira, John dos Passos, Vicentes Fotógrafos, etc. Medalha Comemorativa dos 500 Anos da Cidade do Funchal;

Foi professora do 5º Grupo na ex-Escola Industrial e Comercial do Funchal; Directora de Serviços de Juventude e Directora Regional dos Assuntos Culturais.

Esteve no lançamento do Festival da Canção Infantil da Madeira e concebeu as iluminações de Natal da cidade do Funchal desde os anos 70 até 2001.